ASSASSINATO DE INDÍGENA EM ITAIPULÂNDIA COMPLETA 2 ANOS SEM RESPOSTAS
O indígena Cristian Tupã Martins, de 20 anos, foi assassinado no dia 13 de março de 2020 na Avenida Torres, centro do município Itaipulândia. Nesse mês o homicídio completou dois anos e, mesmo com autoria conhecida, nada foi feito em relação ao acusado.
Conforme as apurações, o indígena estaria tendo uma relação com uma mulher não indígena. Cristian foi morto a facadas pelo ex-companheiro da mulher que estaria se relacionando. O jovem Avá-Guarani morava na Aldeia Aty Mirim, na área rural de Itaipulândia.
“Nós queremos justiça. A polícia sabe quem matou meu sobrinho, sabe onde ele mora, mas até agora segue tudo parado, a pandemia do coronavírus tem sido utilizada pelas autoridades para justificar a lentidão na investigação do caso, sabemos que muita coisa parou na cidade por causa dessa doença, mas a questão da justiça não pode parar. Fico imaginando se fosse um juruá (não-indígena) a vítima, acredito que já estariam correndo atrás do autor”, afirma Natalino Peres, cacique da aldeia Aty Mirin e tio da vitima.
Para dona Maria Lucia Tacua Peres, mãe de Cristian, os últimos cinco meses foram perdidos em busca de respostas. Ela relata que a investigação está recheada de inconsistências e omissões.
O local do crime não foi isolado e a perícia aconteceu um mês após, já tendo lá um novo morador.
Dona Maria Lúcia conta que na região tem sido comum crimes contra indígenas sem solução. Em 2015, um sobrinho seu foi morto, sem investigações e sem culpados. Em 2018, um parente guarani da Aty Mirim foi esfaqueado por um não indígena, também sem punição.
A mãe acredita que, se o crime tivesse sido cometido contra um não-indígena, seria diferente. “Com certeza iam vir correndo. Como é indígena eles não estão nem aí pra investigar. Parece que só porque é indígena a gente não vale nada”, afirma. O acusado do assassinato confessou o crime, mas continua em liberdade.
O atual Delegado da Policia Civil, Walcely de Almeida, já respondia pela Delegacia de Itaipulândia na época dos fatos e diz que o assassinato teve motivação passional, “não há câmeras de segurança e a única testemunha presencial, a mulher com quem Cristian estaria envolvido, fugiu do local e mudou-se da cidade para lugar incerto e não sabido”.
O Delegado Walcely efetuou operações no Carnaval de Fevereiro deste ano, mas desde então não realizou mais operações.
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